29 de setembro de 2011

Cada estação e sua oferta

Há folhas nas árvores que nuas estavam quando aqui chegamos. Lembro que a ausência de verde que comunicavam inspirou minha primeira metáfora feita em terras francesas. Completamente peladas, com galhos apontados para o céu, elas me levaram a crer que eram árvores-esculturas moldadas pelas estações do ano, cabendo ao inverno despi-las, à primavera a oferta das primeiras vestes, ao verão o empréstimo do brilho contagiante, e ao outono, que agora nos visita, o alcance do esplendor. Acredito que eu não me enganei, pois confirmo neste comecinho do outono francês: em Strasbourg, as estações são artistas e a natureza se faz arte.





26 de setembro de 2011

Ritmada com a sede de aprender

Adoro a insistente forma de viver dentro da imensidão, de mãos dadas com a multiplicidade e o coração palpitando, a água fervendo, a mala sendo feita, os animais recebendo cuidado, um livro de cabeceira pedindo atenção e a inspiração e o amor sempre em dias. Sigo ampliando o momento, olhando tudo em minha volta, sacudindo as ideias empoeiradas, mantendo as que fazem sentido ainda morarem em mim e catando absolutamente todos os aprendizados que consigo segurar. Muito bom me perceber em rota poderosa de aprendizagem e colheita. Obrigada, Deus!

19 de setembro de 2011

Para me aliviar

Aviso: de jeito nenhum este lugar que diz de mim foi abandonado. Eu sigo em contato com a abundância. Mas, a escrita, esta empreitada que solicita tempo antipicotado para se fazer, só brota quando se consegue desfrutar de uma brechinha na agenda para a entrega, sem reservas, aos encantos da narrativa. Aguardo este tempinho, com doçura e muito amor.

3 de setembro de 2011

Irmanados pela música



"Samba de verão" já me fez dançar, apaixonada, de braços abertos, na Vila Isabel, no Rio de Janeiro, e esta mesma música me instalou uma saudade tão grande do Brasil, que me arrancou lágrimas na bela Aix-en-Provence, pequenina cidade francesa onde eu estive recentemente. Andava por uma feira dos mais variados artigos; havia bolsas, roupas, sapatos, móveis, quando a escutei. Caminhei até o final da rua de onde os acordes vinham e avistei um casal de brasileiros mostrando nossa música. Os artistas Ermano Príncipe e Andrea Maia estavam com o filho pequeno. Parei para apreciar os saborosos sambas que apresentavam, dancei timidamente, chorei e deixei alguns trocados no case do violão deles, dizendo: "eu poderia colaborar em reais, mas, desta vez, segue o euro". Rimos juntos e nos sentimos tão irmãos!