Ando prestando atenção nas cores de junho, digerindo incertezas, apurando o escândalo, fazendo releituras: sou gente, nada me diz o contrário.
Pego-me botando tempero na panela, recheando verdura, limpando pia, lavando louça.
Uma delícia descascar aquela abóbora, hoje! Sentir nela a terra que lhe deixa ser. Apanhar sua textura como se habitada de mim, ela, tão saborosa que é, estivesse.
De mãos dadas com a memória, dou-me ao rasgo do vazio que não me soluciona, brinco de esquecer que sofri, domestifico meu instinto, ressurjo fêmea e não escapo do que isso significa.
Sigo na direção do meu profundo. Procuro implodir todos os estabelecimentos duvidosos que me habitam, para existir expansivamente e não restringir a felicidade.
Sei que carrego olhos sem muralhas, e minha fervura esnoba as convenções.
Caminho sem regras pela casa, vago entre páginas de um livro e não me rendo ao pensamento sobre o futuro. Só peço a Deus que este me seja dado sem muita bagunça.
Interessa-me apenas conduzir-me ao melhor de mim, deixar de lado as dores sem razão, abondanar o preço que não preciso pagar para ser quem sou e, elegantemente, esbofetear a cara do desperdício.
Sou gente e nada me diz o contrário.
Nenhum comentário:
Postar um comentário