24 de janeiro de 2012

O não-saber e o saber

Pouco mais de dez meses de deliciosa morada em terras francesas, onde o pão, o vinho e o queijo desacordam o paladar e esbanjam sabores. Com um mundaréu de coisas para apanhar e pôr na bagagem, claro que esta quantidade de tempo ainda não foi suficiente para eu memorizar nem metade dos cruzamentos entre as ruas da amável cidade de Strasbourg, onde fica nosso ninho. Não sei, por exemplo, o nome da rua onde a rua da altíssima catedral desemboca; muito menos quantas pontes há aqui e como todas elas se chamam, mas sei bem direitinho onde se localiza o alho no mercado onde somos fregueses. Vou lá e os apanho, sem parcimônia. E, agora, ao longo desta madrugada em que eu me rendo às palavras, vejo meus passos por entre as seções daquele estabelecimento comercial que está a menos de um quilômetro da nossa casa e, tendo já desvendado várias das suas prateleiras, constato: é mesmo muito bom construir intimidade com outro país. Alegro-me, e muito, por "eu ter um bairro dentro da cultura do outro". Eta ganho bom da vida, meu Deus!