12 de novembro de 2009

Conhecimento de si

Tão bom quando os tons, os sons, os cheiros, as texturas; as pessoas, os caminhos, a luz, a sombra; as escolhas, os sabores, os nomes, as tendências; as estrelas, o ar, as impressões começam a se mostrar mais decodificáveis aos nossos olhos! O nebuloso perde força e a transparência se instala. Passamos a estar no mundo como seres mais cientes do que somos e do que queremos, e isto é mesmo fundamental para tocarmos a vida.

Sim, nada substitui o saber de mim sobre mim, de você sobre você, dele sobre ele, de minha mãe sobre minha mãe, do nadador sobre ele próprio, da cartomante sobre ela mesma etc. Eu, por exemplo, gosto de saber que gosto muito mais de azul do que de cinza, que quando a luz do fim do dia se instala por entre as nuvens eu experimento uma inigualável sensação de bem-estar, e que, quando é domingo, gosto de amanhecer leve, acarinhar meu amor, tomar tranquilamente um café e depois ler o jornal.

Gosto de saber que eu gosto de comer bolo gostoso, que gosto de fim-de-semana curtido com vontade, de filmes que ensinam, livros que desconcertam, samba, muito samba, e gente que conversa usando palavras saídas da alma. Que não gosto de humilhações, formalidades, certas convenções, roupas da moda, Wanessa Camargo e cenas televisivas que não me acrescentam. Gosto de saber que gosto de rir, dançar e de me singularizar na pele do outro. Que não gosto de egos inflados, gestos de guerra, filmes dublados, pedantismo intelectual e vozes que não ecoam sentimentos.

Gosto de saber que gosto de conversar com amigos, estar com minha família, escrever cartas de amor, tomar banho de mar e receber o sol nos seios; que prefiro o profundo à superficialidade, a animação ao tédio, a alegria à melancolia, casa a apartamento, decoração clássica à moderna; que adoro beijo na boca e um toque delicioso nas pernas. Que não gosto de preconceito, giló e da aceleração insana da humanidade.

Gosto de saber que gosto da efervescência do trio elétrico na avenida carnavalizada, de viagens marcantes, caminhadas bonitas, trilhas, banhos de cachoeira, muito verde, algumas noites de farra e outras bem dormidas, e que não gosto de Jorge W. Bush e de ritmos musicais enlatados. Gosto de saber que gosto e não gosto.

5 comentários:

  1. Sarita,

    segui o endereço pelo email do grupo e adorei teu espaço.
    Seguirei agora.

    Bom te saber assim lírica e lúcida.

    Beijos

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  2. ... Eu, gosto de saber, que espero o tempo que for preciso, para ler tao belo texto!
    Bjs

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  3. e eu gosto de saber que gosto de você.

    que bom que escreve aqui! e eu nem sabia, vc não contou.. adorei!

    bjo enorme

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  4. Isso mesmo
    e nos torna unicos e nos completamos assim!
    Mas qnto ao ritmo da humanidade, por favorrr, vamos fazer algo pra ver se o povo se acalma e relaxe maiss
    beijos querida

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  5. E eu adoro saber que minha amiga continua senhora dos seus quereres e saberes...e que de lá ainda vejo feixes de luz.
    Bjossssssss

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