12 de agosto de 2010

Sou parte de uma história de amor

Minha amiga está apaixonada, se vendo em começo de amor, desabrochando o coração, aquecendo o corpo do outro, tendo seu corpo aquecido. Ela está estancando a dor das relações anteriores, retirando o nó do peito, sentindo vontade de ir além ao lado de quem ela pouco conhece, mas enxerga como parte da sua caminhada, como gente com quem, de repente, fará gente. Sensacional isso!

Ela me telefonou há pouco, feliz, com voz de quem colhe flor no jardim da praça e assim aje, sendo dona de um gesto que será guardado para sempre em sua memória. Falar com ela, hoje, me encheu de satisfação e me fez lembrar de quando encontrei o meu amor. Foi numa festa, no quintal de uma linda casa, no barroco bairro do Santo Antônio. O próprio nome do lugar já sugeria encontro, continuidade, arranjo sentimental.

Ao ouvir minha amiga e acolher seu riso de plenitude, me vi tendo o que lhe dizer, me enxerguei sendo parte de uma história de amor, me peguei, valendo da minha experiência de amar e ser amada, para recomendar que ela se delicie com tudo que agora lhe chegar, e que seja leve, calma e acredite que é merecedora do que o mundo está lhe dando. Portanto, braços abertos, quentes, aconchegantes, para receber, para receber.

Sugeri que se perceba usufruindo da arte do encontro, e como encontros de verdade são raros nesta vida, que se dê conta disso, que se embale com o beijo, cujo desenho só surge quando elos bonitos se fazem; que valorize todos os pedacinhos do dia: cada ligação, torpedo, recado no celular, e-mail enfeitado; derreta-se com a mensagem na beira da cama, enlouqueça com o olhar profundo trocado na mesa de bar, se entregue às mãos que tocam as pernas numa sessão de cinema e que, acima de tudo, saiba que o amor não está pronto, ele se faz a todo momento, a todo instante, caminhando e cantando, vulnerável, sim, a tudo que lhe cerca, e, por isso, se comporta como um permanente solicitante de cuidado, reformulação, carinho, energia, adubo, oxigênio.

Necessário se faz que amemos, sabendo-nos dentro de um amor real, portanto, com toques de contradição, armadilhas, sonhos, sinais belos, vontade própria, desconexões, conexões, pontos que não se comunicam, gestos que não se aproximam, diálogo, concordâncias, serenatas, delícias; um amor, que por estar vivo, se revela querendo crescer e contagiar tantos outros corações.

2 comentários:

  1. Sarah
    Sempre que o assunto é o amor, lembro do clássico "Amor como Paixão" de Niklas Luhmann. O renomado mestre diz: "o amor dirige-se a um eu e a um tu, enquanto ambos se encontrarem em relação de amor, isto é, enquanto permitirem reciprocamente uma tal relação amorosa - e não porque sejam bons, belos, nobres ou ricos.
    Viva o amor.

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  2. Exatamente o que eu precisava ler nesse momento. Muito obrigada, Sarinha!!!

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