12 de maio de 2012

Quando eu cheguei








Havia uma faixa com frases carinhosas segurada pelos meus pais, minha tia Lúcia e meu amigo Buri, quando pus os pés no Aeroporto Internacional 2 de Julho, na última terça-feira, após pouco mais de um ano vivendo na Europa. 


Pela calça verde que eu vestia e pelo movimento do meu andar, minha mãe, atrás da porta de vidro que separa os que desembarcam dos que os aguardam, me reconheceu e sabia que sua filha estava sã e salva após uma viagem de mais de dez horas de voo. Vixe... e como é bom ser reconhecida, através da cor da roupa e pelo jeitinho rebolante de caminhar! 


Eu era um corpo tomado de sensações totalmente novas, pois estava ali conhecendo com muito mais profundidade os sentimentos que povoam uma mulher absurdamente dada a viagens, mas também vinculada aos seus. Minhas mãos, ocupadas com um carrinho coberto de malas, para as quais eu dispensei mais de dez dias de arrumação, num gingado que reuniu todas as emoções que podem florescer num coração-que-se-sabe-perseguidor-de-emoções-causadoras-de-verdadeiras transformações, rapidamente caminharam em direção aos abraços mais rodopiantes que eu recebi desde o dia 16 de abril de 2011. 


Era um sábado do outono brasileiro quando eu deixei a agitada Salvador e atravessei o Oceano, para do outro lado descobrir a charmosa e delicada cidade francesa de Strasbourg. Lá eu desembarquei num domingo de primavera e tive desde então todo meu ser rendido ao novo que me endereçou para o percurso da descoberta insistente, e que é aquele tipo de percurso dotado do dom de nos arremessar num redemoinho incontornável de acréscimos de todas as ordens. 


De volta à Bahia, joelhos dobrados na Igreja Senhor do Bonfim, onde minha amiga Nega me esperava com um caloroso abraço e as coloridas fitinhas me chamaram para uma foto. Rezei em agradecimento a tudo que vigorosamente vivi em terras europeias e veio a segunda parte do ritual de boas-vindas: cerveja geladinha e uma boa mariscada há alguns metros da Colina Sagrada. 


Comi, ri, escutei, partilhei, olhando para o mar mais azul que meus olhos poderiam alcançar e ouvindo as músicas daquele que foi, segundo os que na mesa estavam, a grande sensação do carnaval 2012. Refiro-me ao cantor Magary Lord, cujas canções são mesmo um convite ao remelexo, mas eu não cheguei a dançar. Guardei meus passos para uma roda de samba que em breve eu sei que vai me puxar para dentro do seu miolinho. 


Em seguida: BR 324 em direção à Feira de Santana, rumo à casa da minha família, onde na cozinha o espumante foi estourado com os tios, tias, primos e primas, um diversificado café foi servido e eu me reencontrei com os bolos de puba e de aipim, que minha mãe preparou especialmente para me receber.

Um comentário:

  1. Aguenta Sara, que muitos bolos de puba, churrasco cerveja...ainda estão por vir!
    bjo.

    ResponderExcluir