30 de junho de 2010

Sou gente

Ando prestando atenção nas cores de junho, digerindo incertezas, apurando o escândalo, fazendo releituras: sou gente, nada me diz o contrário.

Pego-me botando tempero na panela, recheando verdura, limpando pia, lavando louça.

Uma delícia descascar aquela abóbora, hoje! Sentir nela a terra que lhe deixa ser. Apanhar sua textura como se habitada de mim, ela, tão saborosa que é, estivesse.

De mãos dadas com a memória, dou-me ao rasgo do vazio que não me soluciona, brinco de esquecer que sofri, domestifico meu instinto, ressurjo fêmea e não escapo do que isso significa.

Sigo na direção do meu profundo. Procuro implodir todos os estabelecimentos duvidosos que me habitam, para existir expansivamente e não restringir a felicidade.

Sei que carrego olhos sem muralhas, e minha fervura esnoba as convenções.

Caminho sem regras pela casa, vago entre páginas de um livro e não me rendo ao pensamento sobre o futuro. Só peço a Deus que este me seja dado sem muita bagunça.

Interessa-me apenas conduzir-me ao melhor de mim, deixar de lado as dores sem razão, abondanar o preço que não preciso pagar para ser quem sou e, elegantemente, esbofetear a cara do desperdício.

Sou gente e nada me diz o contrário.

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