17 de maio de 2011

17 de maio: um mês em Strasbourg

Olho nos olhos do homem que comigo vive, escuto suas frases comemorativas e sei que é hora de brindamos ao meu primeiro mês como habitante de Strasbourg, na região da Alsace, leste da França.

Encontro das taças no ar, escutamos o som que advém deste inédito tintim. Pela garganta, passa adequadamente o vinho comprado em meio a uma quantidade incomensurável de opções boas e muito baratas [há vinhos maravilhosos por menos de 3 euros e posso afirmar que as prateleiras de vinho nos supermercados franceses dispensam economia de tempo; o negócio é apreciar].

Segue-se a noite. Respiro com a mesma leveza que apresenta uma flauta transversa ao emitir suas mais íntimas notas musicais, e, com o pulmão oxigenado, entro numa observação desmedidamente retrospectiva.

Revejo meus pés em contato com o chão do quarto, certifico-me de que as malas foram esvaziadas, as roupas arrumadas dentro do guarda-roupa, o banheiro recebeu escova de dente, a nova cozinha, com fogão de duas bocas, é o máximo; a geladeira pequena atende bem, os livros se agruparam jeitosamente na estante e o computador tem local específico em casa. O mês que passou me chegou como um presente: são muitas as boas colheitas que fiz.

Numa nuance imprecisa, mas sábia, volto-me para os últimos 30 dias. Noto, com estupendo prazer, ruas novas, pessoas diferentes, ideias mágicas, passeios transcendentes. Recapitulo a infinidade de prédios bonitos e a poderosa luz do sol que se presentifica, às 20h40, em minha janela. Enalteço as proveitosas conversas de orientação acadêmica tidas na bela e acolhedora Université de Strasbourg. Valorizo a ida de bicicleta para Alemanha, a passagem fascinantemente inesquecível por Paris e muito mais de edificante que, entre o dia 17 de abril e 17 de maio, se agregou ao que sou.

Exalto o encaixe que há entre mim e o desejo de aproveitar o máximo cada momento vivido em terras distantes das minhas. E este encaixe, que parece àquelas pecinhas dos brinquedos legos, recebe de mim todo cuidado.

Fico horas admirando-o, protegendo-o, limpando-o, retirando a poeira, que por ventura, venha a atrapalhar a conexão. Busco me livrar de tudo que possa danificar as pontas que me permitem elos, por isso, lubrifico as peças que saem de mim e, ao se ajustarem precisa e criativamente às peças que o mundo disponibiliza, me levam, a partir da interação profunda com elas, a um conjunto de incontáveis descobertas e aprendizados.

Faxina feita, sentimento renovado, brinde erguido, sinto-me preparada para continuar vivendo em Strasbourg e experimentar tudo que esta preciosa cidade francesa me oferece. 

4 comentários:

  1. Achei lindo texto , prima!
    Tire a poeira sempre, cuide, proteja, aproveite o máximo mesmo porque a experiência será única.

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  2. Sarah apanhei o blog,vou ler,mas pelo pouco que li,ja deu pra sentir uma poesia e um gingado na escrita.Que a chama saiba usar desse dom,para divulgar mais um talento Brasileiro pelo mundo.

    Bjinhos da Moçambicana

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  3. Mona,

    Que lindo o que você me disse. Obrigada pelas sábias palavras. Ah, mudei algumas coisinhas no texto. Que tal fazer uma segunda leitura?

    Beijocas

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  4. Ester,

    Que maravilha que encontrou o blog, gostou do que viu e ainda me deseja ótima parceria com a Chama! Que assim seja.

    Beijocas com carinho

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