29 de junho de 2012

Nas águas dos aprenderes

Tenho gostado de entregar tempo integral à leitura, de doar a cabeça ao que se descortina a partir de cada página lida e de ver os dias entrarem e saírem, como se o sol existisse apenas para negar a noite, mas não para que eu o usufrua, por exemplo, palmilhando descalça o parque florido. É chegado o tempo de atravessar o vasto rio; procuro seguir seu curso, paciente com meu ritmo, perseverante no que vem por aí e, ontem, calibrei a autoconfiança para que fortalecida eu me mantenha. Nas águas novas por onde meu barco passa há aprenderes espalhados pelas correntezas. Recolho-os e vou aprendendo o que significa carregar novidades não partilhadas, o que é ter um caminhão de fotografias percorrendo a memória sem hora prevista para virar álbum; estou aprendendo o que devo fazer para me apropriar da minha atual identidade: mulher sem salário, na casa da família, bagunçando a ponta da sala de visitas, depois de ter voado para terras distantes e ter trazido uma alma exageradamente nutrida das riquezas colhidas do outro lado do Oceano. E o mais importante: estou aprendendo a sentir prazer em minha entrega absoluta ao fazer-a-tese, já que este fazer mais do que fruto das minhas reflexões é a semente do meu próximo voo. É tão gratificante nos render à preparação do belo que virá!

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