8 de junho de 2011

Daquilo que me toca II

Preciso dizer que uma das cenas que mais me tocam em Strasbourg, cidade extremamente bonita e encantadora sobre a qual tenho escrito em recortes e sei que devo aos leitores as fotos que já fiz dos seus inúmeros cantinhos amáveis, são os homens e mulheres, com seus cabelos brancos, denotando estarem depois dos 70 anos, todos eles cheios de saúde e bastante vigor, andando de bicicleta sob a configuração do par.

Adoro vê-los um ao lado do outro em suas bicicletas, vestidos com roupas despojadas e levando uma mochila nas costas. É um mimo e me transmite um bem-estar considerável. Fico mesmo bastante encantada com a forma como eles exercitam a afetividade nas ruas. Esbanjam tanta franqueza! Eles caminham de mãos dadas, se beijam, se acariciam, se acarinham. É uma imagem que enche meu coração de calor. Sinto-o realmente forrado pela ebulição da afetividade.

Outro dia, andando pela Université de Strasbourg, que não tem muros, de modo que seu espaço penetra e é penetrado pela cidade, o que faz da sua estrutura um local especialmente coletivo; eu, sabendo que ainda não era hora da rotina se instalar, me permiti parar e literalmente me embriagar com a seguinte cena: um casal de idosos, aparentando mais de 80 anos, caminhando com os olhos voltados para cima, sobretudo, a senhora em seu vestido bem arrumadinho.

Era um sábado e parece que eles saíram de casa para verem as árvores. Fiquei com esta impressão e foi maravilhoso seguir meu dia com este tom dentro de mim. Inesquecível ver a mulher apontar com seu dedo detalhes da árvore e convidar seu companheiro para que também se encantasse com o que ela via de bonito. Ele deu o aceite e entre os dois tudo foi pura descoberta de uma árvore que se fez presente no caminho.

Acredito que eles já se depararam inúmeras vezes com árvores, mas talvez nunca tenham perdido o sabor de contemplá-las, e o melhor: não se desapegaram do precioso hábito de um mostrar para o outro o que chama sua atenção. Simplesmente emocionante ver aquela senhora convidando seu amor para que ele notasse os detalhes de uma árvore.

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