30 de abril de 2012

Banhada pela chuva.


O que eu colecionei? Quais coleções carregarei comigo? Na coleção de quem eu entrei? O que desta praça onde estou pela primeira vez vai restar em mim daqui a alguns anos? Classifico como sagrada a chuva que me banha antes da minha partida para o Brasil. Por isso, deixo-me por ela ser lavada. 


Avisto um homem que anda devagar. Suas roupas são da mesma cor da casa onde ele agora transita. Uma lágrima cai do meu rosto e eu sorrio para este choro que sai de mim como gratidão a tudo de grandioso e belo e forte e único que minha vinda para a França me deu, a tudo de grandioso e belo e forte e único que minha vinda para a França me deu (repito em voz alta esta deliciosa frase). 


Enquanto o homem que caminha tem roupas da cor da casa, eu estou vestida com a cor dos jardins. Olho mais distante tentando alcançar algo que meus olhos ainda não sabem e me dou conta de que estou deixando um país que vive a escolha do seu próximo presidente. Eu, eu vivo a saudade deste país. 


Ontem foi meu último domingo na doce Strasbourg. Andei sem destino por ruas desconhecidas, fotografei casas, vi crianças brincando e homens se divertindo em torno da mesa de pingue-pongue do parque; fui abordada por uma senhora que queria informação sobre o bairro que não é o meu de morada. Escutei trovões, andei mais - e mais um pouco e mais um pouco e mais.

2 comentários:

  1. Oh! quem dera tu pudesse trazer essa chuava pra nós estamos a carente dela! estamos vivendo a pior seca dos ultimos 30 anos! ou seja vivemos outra igual a 30 anos atraz! mas estamos ansiosos pela sua chegada! um grande abraço
    Zelia

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  2. Sara, impossível não comentar sobre a chuva, e que bom se deixar ser "lavada" por ela! Me faz lembrar meu tempo de criança, tomei muito banho de chuva. Essa chuva vai ser literalmente "um divisor de água" em sua vida! daqui pra frente é Sara antes da chuva digo antes da França, e Sara depois da França risos, beijo, bom retorno!

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