20 de julho de 2009

Começo

A mala não parece pesada, nem mesmo receio que um dia pese. Simplesmente deixo muita coisa entrar em minha bagagem. Até aqui fiz assim. Talvez porque sai de dentro de uma mulher que confia em todo mundo e carrega coração ritmado para o bem. O homem que a fecundou, para que eu nascesse, peitou por muitos anos a estrada. Era caminhoneiro quando se tornou meu pai. Então, ao ser filha de mulher de alma reluzente e de homem que teve as viagens como companheiras, resta-me ser dada ao que a vida se propõe a fazer comigo. É madrugada, e de repente voltei ao começo de mim. Por que será? Talvez porque seja minha primeira aparição em terra virtual como portadora de um espaço. E será que estarei colocando mais um útero na internet? Ainda não sei, mas sei que carrego útero que espera gente, depois de tanto se dar para a gestação de palavras. Escrevo tudo isso para dizer que estou começando, hoje, dia 21 de julho de 2009, a inserir-me em um lugar para o qual já fui muitas vezes convidada. Refiro-me ao universo dos blogs, onde acredito que serei acolhida com lírios. Não sei se é tarde para dar início a este pertencimento, até porque não me interessa avaliar o que é cedo ou tarde nesta vida. Persisto na crença de que tudo vem no tempo devido, assim como as safras que brotam da terra, depois que calmamente é fertilizada pelas mãos dos agricultores e das agricultoras. Ando perturbada com a forma como eu uso o tempo, por isso, recorro às imagens onde o relógio respira de um jeito particular, pois sabe que ciclos existem e são maiores do que ele. Estou querendo me acertar com o Senhor, Senhor tempo. Ajude-me. Sou corpo onde o atestado de vossa passagem não precisa fazer cerimônia. Entreguei-me por inteiro à conversa da pele com Vossa Excelência.

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