30 de julho de 2009

Meu corpo e os verbos

Sinto fome. Meu estômago pede algum alimento que eu ainda não providenciei. Seguidas vezes me acontece de não saber como emprestar meu corpo para certos verbos. Hoje, é o verbo "alimentar", mas também já houve outros. Para citar alguns: recuar, crescer, fazer, desfazer, negar, afirmar, correr, gerar. Ainda não encontrei a cartilha que faz a recomendação acertada para a conjugação verbal por parte do corpo. Aliás, nem sei se quero encontrar, pois gosto de alguns desassossegos que alcanço movida pelo meu não-saber-manejar-o corpo, frente aos verbos que a língua portuguesa oferece. Esse gostar se explica por que, por não saber fazer o uso perfeito de alguns verbos, descubro meus limites, minhas desconfianças, cruzo com meus mistérios em cima da minha própria pele. Relembro um período, escapo de outro, acesso segredos sem respostas. Vago na beleza de me saber um corpo que busca correspondência com a palavra. E isso é maravilhosamente saboroso.

Um comentário:

  1. E é adoravel encontrar os proprios limites... imaginar as paisagens que nos aguardam do outro lado...

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