27 de fevereiro de 2010

Com toda minha curiosidade em Caracas

Falta poucos dias para finalizarmos o giro pela América do Sul. Meu Deus, que quantidade nova de vida vejo colada em minha pele! A sensação é de aumento de quem sou. Manuseei muitas emoções e cresci em cada canto onde dormi, acordei, comi, pisei e me fiz gente. Maravilhoso colher cada sorriso, ouvir cada palavra dita e sacudir meu espírito latinoamericano de um jeito tão único. Ôps! E ainda há o que eu tocar de novidade, pois, na última sexta-feira, cruzamos a fronteira para o nono e último país a ser conhecido. Por volta das 14 horas, adentramos, sem impeditivos, o país onde combustível vale muito pouco e comida custa literalmente os olhos da cara. Estamos na Venezuela. Dormimos em San Cristóbal; inclusive devo dizer que é a segunda cidade com este nome que passamos, a outra fica na Bolívia. Agora escrevo de Caracas e preciso dizer que abastecer nosso ônibus na estrada foi bem mais barato do que o que pagamos por um arepa (bolo feito de milho que é servido com os mais variados recheios e é bem popular nestas bandas de cá). Colocamos 297,9 litros de diesel no tanque do Inulatão, o que nos custou 14,26 bolívares, sendo que cada bolívar vale R$ 1,50 (Um real e cinquenta centavos); já pelo arepa pagamos 20 bolívares. Que desproporção! Logo, não dá pra fugir do senso de observação minuciosa estando aqui, e tenho muito a descobrir nestas terras onde Hugo Chávez vem deixando fortes marcas. No caminho para cá conversei com Antônio e Ademar, dois caminhoneiros com que prosei por um bom tempo, enquanto esperávamos a liberação da estrada, que estava com o trânsito suspenso devido às obras de manutenção de uma ponte. Foi um papo ótimo, que me rendeu muitos aprendizados. Para Antônio, o presidente Hugo Chávez está realizando um comunismo disfarçado e ele ainda me disse que de todos os estados da Venezuela somente dois não são governados pelo partido de Chávez. Falamos de muitos aspectos da vida venezuelana, ele mostrou sua admiração por Lula, pois tem um cunhado que há três meses trabalha na Esso, em São Paulo, e tem lhe dado boas notícias de como vive lá, e, por fim, me sugeriu que eu vá a um supermercado, em Caracas, pois, segundo ele, é uma experiência muito curiosa que eu não posso deixar de ter, e ao saber que faço parte de uma Caravana que está cruzando de ônibus nove países da América do Sul, ele me disse: "não há nada que substitua isso que você está vivendo, menina, os livros não dão todo este conhecimento"! Quase chorei.

Nenhum comentário:

Postar um comentário