24 de fevereiro de 2010

O que vejo no café da manhã
















Câmera fotográfica com defeito, vestido amarrotado, alma ampliada, fome, quase todas as malas nas mãos e, no peito, a sede acesa para me apaixonar por mais uma cidade: sou Sarah desembarcando, às 23h do último domingo, na Carrera 4, número 13 - 12, no Centro Histórico da Candelária, parte antiga da cidade de Bogotá, onde se vê paredes coloridas e muros artísticos. Mas, deixei suas cores para o outro dia. Meu sono estava maior do que a curiosidade, e assim que entrei em meu quarto, dormi; não fui buscar a cidade. Estava cansada do percurso de Quito para cá, uma estrada que, embora muito bela, oferece riscos de acidente e uma quantidade de militares que causa estranhamento aos nossos olhos. Devido à existência inexplicável das FARC no território colombiano - sim, aqui ninguém sabe explicar porque existem e o que querem, - as rodovias são completamente vigiadas por soldados do Exército fortemente armados. Mas, depois falo mais sobre este assunto. Estou com dificuldade para partilhar novidades no blog; o hotel onde estamos oferece um serviço de internet muito ruim. Então, eis que estou sem conexão e sem câmera para registrar o que meu corpo alcança, visto que ela caiu das minhas mãos e desde o Equador vem limitando sua atuação: está fazendo poucos cliques. Busquei a assistência da Sony aqui, mas para os técnicos resolverem o problema, eles precisam de mais tempo do que vou passar nestas paragens. Restou-me, assim, elaborar uma idéia sobre a pane na máquina fotográfica, e a tal idéia diz respeito ao que Bogotá quer de mim. De repente, ela me pede que eu a contemple, sem me preocupar em apertar o botão para transformá-la em imagem "congelada". Estou respeitando isso, rs... Bom, necessito ir, o almoço me chama, mas antes quero dizer que Bogotá é uma cidade muito lindinha, com construções de tijolinhos à mostra, porções de verde que apaziguam e uma série de aspectos que não tenho como mencionar neste texto, devido à falta de tempo. Contudo, esta cidade, que vive completamente atormentada pela existência das FARC, oferece para os meus olhos, no café da manhã, uma graciosa rua de casas bonitinhas, tendo ao fundo uma montanha verde e nublada. Adoro me sentar na aconchegante casa de pães, doces e tortas, na rua onde estou hospedada. É uma rua de mão única. Meu coração me informa que é a primeira hospedagem numa rua deste tipo ao longo da viagem. O que isso significa? Não sei, mas sei que todas as ruas por onde passei: as asfaltadas, as de areia, as de lajota, as de pedra... se encontram dentro mim e fazem uma festa de novos sentidos e novos sentimentos.

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