21 de fevereiro de 2010

O não dito




























Porque tenho caneta e papel eu anoto. Escrevo. Sujo os dedos. Rabisco pensamentos. Elaboro frases, e, mesmo não tendo a pretensão de conseguir expor tudo que estou vivendo, não desassossego enquanto não passo algumas anotações do papel para cá. Há tempos quero partilhar minha ida a Tiwanaku, importante sítio arqueológico pré-colombiano. Alguns estudos revelam que esta civilização é a mais importante civilização pré-inca. Estive lá faz 18 dias. Meu Deus, incrível a passagem do tempo nesta viagem! Afinal, Tiwanaku fica na Bolívia, e eu já estou na Colômbia; decididamente, este é um diário de bordo que não tem a menor condição de obedecer à cronologia. Estando em Tiwanaku, fiquei tocada ao saber da genialidade da civilização pré-inca. Senti-me chamada pelo barro, e ao sentir este chamado, lembrei do texto que Saja, professor de filosofia da UFBA, escreveu num calendário para este ano. Vejam: "Desde os tempos mais remotos o homem se depara com a presença enigmática do barro, ele mesmo, este homem, produto desta tão simples e decisiva matéria na manhã luminosa do sexto dia ainda no Jardim do Éden, pelas mãos de Deus! Assim, constituídos do barro, somos, a exemplo de Deus, a um só tempo, oleiros no exercício do trabalho diário - quando inventamos e reinventamos a vida - e, arquetipicamente, parentes diretos de tudo aquilo que deriva do dom de se deixar modelar, de se deixar amar pelo mistério da vida que habita no centro mesmo deste barro primeiro"!

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