28 de fevereiro de 2010

Domingo de olho em tudo

Obá! Hoje é domingo e eu acordei bem mais tarde do que de costume, não tomei café e o almoço aconteceu na vizinhança do hotel onde estamos, que vale dizer, é uma "espelunca". Uma cara espelunca. Hospedagem em Caracas, ou melhor, na Venezuela, é caríssima. Para se ter uma idéia, no caminho para cá, paramos na cidade de Valencia. Ali pretendíamos almoçar, já quase na hora da janta, e também dormir, mas não conseguimos hotel, e tivemos que esticar a viagem direto para cá, com fome e já com a noite sobre nossas cabeças. O bom foi ver a lua me lendo atrás da janela do Inulatão. Fiquei arrepiada com sua luz.

Hoje foi um domingo revestido de curiosidade. Depois da comida chinesa - sim, foi este o nosso cardápio, hoje, pois não é fácil conseguir lugar que aceita cartão por aqui, e a coordenação da Caravana não tinha conseguido sacar bolívares -, caminhei pelas ruas de Caracas procurando as pistas para compreender a Venezuela, perceber mais este país que nos chega, através das notícias, como um lugar confuso e de polarizações pró e antiChávez, de modo que se torna relativamente difícil compor uma opinião sobre seu momento político.

E preciso dizer: um dia é quase nada para compor uma noção sobre uma cidade do porte e da complexidade de Caracas. Logo, continuo no ritmo do não-saber, mas este ritmo se confronta, agora, com uma necessidade alucinante de absorver o máximo que eu puder deste país latinoamericano, que assume uma postura bastante crítica em relação aos Estados Unidos, ainda que continue lhe vendendo petróleo. Contradições é o que não falta nestas bandas de cá. Haja leitura, reflexão, pesquisa para contemplar o horizonte de ambivalências que se nota por aqui.

Ah, e preciso revelar que existe em mim uma vontade grande de detectar o que a sociedade venezuelana pensa de Hugo Chávez, o que me faz perguntar a muitas pessoas: "o que você acha de Chávez?". Lancei esta interrogação a uma jovem que estava no mesmo vagão do metrô que eu. Ela me disse: "ele faz boas coisas para a Venezuela". Não deu tempo saber que coisas boas são estas. Minha estação chegou, dei-lhe tchau e desci, sabendo que os domingos são sempre muito movimentados no centro de Caracas.

Foi ela quem me confirmou esta informação, informação que eu estava já sentindo com os olhos e os ouvidos, pois as ruas do centro são muito agitadas em pleno domingo. Há vários vendedores ambulantes e as praças estão habitadas. Além disso, haja sirene: bombeiro, ambulância e Deus sabe mais o quê. Como não podia deixar de ser, fiquei com muitas perguntas, e o que por ora posso dizer é que, em Caracas, praticamente todos os moradores têm carro, embora muitos sejam um antiguíssimo Chevrolet, imenso e que, para ser estacionado, exige, é claro, muito espaço. Além disso, notei que os os muros aqui são grandes telas que expressam o humor do venezuelano. Haja pintura, pichação, recados políticos.

E se você faz planos de passar uns dias na capital venezuelana, prepare-se para dançar rumba, um ritmo caribenho bastante comum por aqui. Nossos ouvidos cruzam o tempo todo com este tipo de sonoridade, que nos faz balançar o esqueleto de um jeito bem gostoso. Fiz isso hoje e foi o máximo. Estávamos andando pelo centro e nos deparamos com uma praça, onde casais dançavam e se esbaldavam sem cessar. Entreguei-me ao improviso dos passos junto com o versátil caravaneiro Ramon, que ainda foi mais além e dançou com uma linda e flexível senhora de cabelos brancos e olhos azuis. Foi muito divertido.

E, para conferir, é só acessar o link http://subliterato.blogspot.com/2010/03/integracao-venezuela.html

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